segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Música que "gruda" no cérebro

Texto publicado no "Jornal da Tarde", editoria "Variedades/Música", de 8/janeiro/2010.

Repetida mil vezes, torna-se um hit
por Fernanda Brambilla

Não há explicações médicas que justifiquem o que faz uma música grudar na cabeça. Alguns fatores, porém, como a repetição excessiva e a associação da canção a uma situação vivida ou a alguma pessoa, ajudam na perpetuação dos versos na memória.

“Quanto mais vezes você escuta, maior a chance de absorver uma informação sonora”, diz o neurologista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Rodrigo Schultz. “A ideia da música é ser gravada até como uma memória implícita, que não dependa da sua consciência. Daí aquelas canções que a gente repete sem pensar.”

De acordo com o neurologista, o chamado “colorido emocional” de cada um interfere no tempo em que aqueles dados ficarão armazenados. “Toda informação caminha por estímulos elétricos e químicos, ou seja, o percurso feito é o mesmo. Mas quando um conteúdo afetivo é associado àquela informação, muda tudo”, explica Schultz.

Quando uma música entra pelo ouvido, ela percorre um longo caminho até o cérebro, onde será interpretada em diferentes locais. Do tímpano, a informação musical é levada pelo chamado nervo coclear até o tronco cerebral. Lá, um novo trajeto a conduz até o lobo temporal, onde a interpretação do estímulo auditivo será feita e as funções relacionadas à audição serão distribuídas.

A compreensão da letra da música, por exemplo, é feita pelo hemisfério esquerdo do cérebro; já a estrutura da canção, a entonação, o ritmo, os tons graves e agudos são interpretados pelo hemisfério direito.

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