quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Noite de Gala em Sampa, 25/outubro/2008

Texto revisado para este blog, tendo sido originalmente publicado por mim na comunidade "Rosa Passos", no site de relacionamento Orkut, em 26/outubro/2008




Por sorte, fui o primeiro a entregar o ingresso na entrada do belo e moderno Auditório Ibirapuera, em São Paulo (SP). Sentei-me na fila B, lado direito do palco.

Alguns minutos antes das 21 horas, a voz do crítico musical e escritor Zuza Homem de Mello (organizador do TIM Festival) anunciou o concerto da "Noite de Gala" com Rosa Passos.

Zuza definiu Rosa como "a grande estrela internacional da música brasileira" — e também "a cereja do bolo", mencionando recente crítica publicada no jornal argentino "El Clarín" — http://www.clarin.com/diario/2008/10/21/espectaculos/c-00502.htm —, que destacou seu elogiado concerto (também de encerramento) no Festival Buenos Aires Jazz, realizado no Coliseo da capital argentina.

Sob aplausos de uma platéia 80% lotada, Rosa e seu quinteto fabuloso iniciaram com a suingada "Vatapá", emendando com a suavidade de "Marina" — duas canções de Dorival Caymmi. Em "Marina", o pianista Fabio Torres fez um solo belíssimo, com Rosa e todos na platéia se deliciando.

Rosa estava feliz, pois sua família estava ali a assistindo (marido e filha). E seu neto João Lucas apareceu no palco para lhe dar um abraço e receber beijos da "vovó".

Em seguida, "Verbos do amor" (João Donato-Abel Silva), canção lançada por Gal Costa em 1982, teve Rosa em excelente forma, ensaiando passos de dança, com direito a um belo solo de sax de Vinicius Dorin.

A canção "Preciso aprender a ser só" (Marcos Valle-Paulo Sérgio Valle) teve solo de piston de Daniel D'Alcântara, mantendo o pique do concerto.

"Cadê você" (João Donato-Chico Buarque) ganhou solo de contrabaixo do Paulo Paulelli, o "Filhote" da cantora.

No palco, Rosa e Paulelli fizeram a sempre atraente sequência voz-violão-contrabaixo com "O que é que a baiana tem" (Dorival Caymmi), "Eu e meu coração" (Naldo Vilarinho-Antonio Botelho) que foi um dos pontos altos do concerto, uma delícia emocionante — e a suingada "Pra que discutir com madame" (Janet de Almeida-Haroldo Barbosa). Os sons percussivos que Paulelli faz com a boca e seu contrabaixo estavam "tinindo", emoldurando a voz de Rosa com a competência de sempre.

Com o quinteto de volta, menos D'Alcantara, Rosa mostrou porque é tão admirada mundo afora, cantando "Você vai ver" (Tom Jobim) de forma super suave e expressiva, com direito a um breve improviso em "scat", como merece um festival de jazz.

E emendou com "Águas de março" (Jobim), finalizando num pequeno duelo de voz e contrabaixo.
"Álibi" (Djavan) surgiu espalhando harmonias. Dorin fez novo solo, bastante aplaudido.

Rosa, então, deixou o palco para o quinteto (agora com D'Alcântara) tomar conta. Eles apresentaram uma estimulante jam session com "Samba de Almeida", melodia composta pelo pianista Fabio Torres e dedicada ao baterista Celso de Almeida — incluída no recente e ótimo CD independente do trio (Almeida-Torres-Paulelli).

Ao voltar à cena, Rosa trouxe sua renovada alegria ao cantar "Vestido de bolero" (Dorival Caymmi), que levantou a platéia em outro ponto alto do concerto.

Ao marido na platéia, ela dedicou "A ilha" (Djavan), acompanhada do trio piano-baixo-bateria. Nesta canção, Paulelli executou um solo maravilhoso no contrabaixo, com Rosa extasiada a seu lado. Ela finalizou improvisando um "scat" de-li-ci-o-so... Que marido sortudo o de Rosa!

O concerto encerrou com "Samurai" (Djavan) e um ótimo solo de D'Alcântara.

Aplausos... Aplausos... Aplausos...


Ninguém queria ir embora. Com o público todo de pé, persistindo nos aplausos, Rosa e quinteto retornaram para o bis com "Ladeira da Preguiça" (Gilberto Gil).

Saíram do palco, mas ninguém estava satisfeito ainda. Mais aplausos insistentes — e os músicos tiveram de voltar à cena.

"Não sei o que dizer, o que cantar", comentou Rosa, surpreendida com o público pedindo mais. Depois de consultar os músicos, alguém da platéia sugeriu "O pato" (Jayme Silva-Neusa Teixeira). E ela, aliviada: "Ah! que bom, essa é fácil! E meu marido também já tinha sugerido". E o grupo atacou no improviso. Rosa cantou e brincou com a letra e fez o grupo improvisar em solos individuais, um a um.

O show não poderia ser melhor.

Saindo do palco, felizes com a missão realizada, os músicos se abraçaram, mesmo na penumbra eles sorriam entre si, como uma família plena de harmonia. Irmãos musicais que espalham belezas pelo ar...

••• Fotos de Marlene Alves, que também assistiu ao concerto e gostou muito.