sábado, 28 de março de 2009
O "retorno" do LP é pra valer?
Humilhando os amigos
por Ruy Castro
RIO DE JANEIRO - Um recente bordejo na Europa pelo que restou daqueles antigos templos do consumo, as lojas de discos, revelou prateleiras contendo um artigo que se supunha mais extinto que o dodô: o long playing, ou LP. Aquele que, depois do advento do CD, passou-se a chamar de "vinil".
O que, aliás, é tão sem sentido quanto chamar o CD de metal -vinil e metal sendo apenas o material com que são fabricados. Ou eram, porque o LP saiu de linha em 1990, depois de 42 anos como o formato ideal para se ouvir música gravada, e o CD, muito mais jovem, também já caducou diante dos novos meios eletrônicos.
Um dos prazeres do tempo do LP era ser o primeiro a ter o disco do Fulano ou do Beltrano, que acabara de sair nos EUA e ainda não chegara às importadoras por aqui, nem tinha previsão de edição nacional. Os mais enturmados eram amigos de comandantes da Varig, que os traziam na bagagem juntamente com as ampolas de Black Label e outros itens de primeira necessidade.
Ou então, quando o próprio sujeito viajava, o principal programa na volta era reunir os amigos e humilhá-los com uma audição em primeira mão. Os veteranos falam sobre isto com discos como "Only the Lonely", com Frank Sinatra, em 1958, "Time Out", com Dave Brubeck, em 1959, a trilha sonora de "West Side Story", em 1961, ou a de "A Hard Day's Night", em 1964.
Não por acaso, estes são LPs que vi há pouco em lojas de Madri e Berlim — lindos, que nem os originais, estalando de novos, prensados de véspera —, ao lado de toca-discos também novos e cópias exatas, até a última válvula, dos Technics do passado.
O que significa? Que os LPs estão voltando? Não, é só um capricho dos fabricantes. Um mimo para os que ainda gostam de ouvir grande música, bem gravada e num insuperável suporte físico.
quinta-feira, 5 de março de 2009
Dica de site musical
Músicos do Brasil — Uma enciclopédia instrumental
Site www.musicosdobrasil.com.br reúne 700 verbetes sobre instrumentistas e uma centena de textos sobre música brasileira
Em Músicos do Brasil: Uma Enciclopédia Instrumental - http://www.musicosdobrasil.com.br/ -, site disponível desde o início de fevereiro, estão reunidos verbetes sobre cerca de 700 dos principais instrumentistas que passaram pelos estúdios e palcos brasileiros. Não apenas os grandes nomes, vivos ou não, mas também centenas de músicos que tiveram papel importante na melhor música produzida no país desde o início das gravações até a atualidade.
O site foi criado e desenvolvido a partir de setembro de 2007 por Maria Luiza Kfouri, pesquisadora de música brasileira que desde 2005 mantém o site Discos do Brasil - Uma Discografia Brasileira (http://www.discosdobrasil.com.br/), e por Fernando Barcellos Ximenes, que escreveu todos os textos sobre os músicos já falecidos.
Além dos verbetes, ensaios escritos por especialistas e dissertações universitárias sobre grupos musicais, instrumentos, estilos e discos significativos. Referências cruzadas, através de links, permitem o aprofundamento da pesquisa sempre que o leitor desejar. O site tem ainda fotos de grande parte dos músicos e cerca de 250 músicas cujos fonogramas foram cedidos pelos próprios artistas.
A direção de tecnologia é de Mauro Caldas, o Zeca Louro, outro especialista em música nacional, criador do blog Loronix, que é junto com Discos do Brasil uma das fontes primárias para o banco de dados de Músicos do Brasil.
Segundo Kfouri e Ximenes, uma das propostas do trabalho "é eliminar a dificuldade encontrada a cada vez que se pretendia pesquisar a origem do uso de determinados instrumentos em nossa música, seus mestres, autores, arranjadores e líderes de orquestras e conjuntos - assim como os diversos gêneros de música instrumental ou, ainda, a metodologia utilizada por um grande instrumentista ou arranjador - e se esbarrava na ausência de informações objetivas que se concentrassem no principal: na vida musical, nos estudos, na obra, nas influências sofridas e exercidas, na linhagem criada."
Os verbetes dos músicos vivos foram elaborados a partir de questionários enviados pela Internet para os instrumentistas obedecendo ao critério "poderá entrar na Enciclopédia todo músico que gravou ou participou da gravação de um disco instrumental".
Os questionários foram respondidos por escrito através da Internet ou, em alguns casos, por entrevista gravada. Os verbetes sobre os músicos falecidos se baseiam em pesquisas realizadas na Internet, complementadas por fontes bibliográficas.
Os verbetes tratam da formação, do pensamento do músico e de como ele é em suas diversas facetas: como professor, como instrumentista, como compositor, como arranjador, o que considera como os principais momentos de sua carreira, quais são suas preferências musicais, e sua discografia.
O questionário está disponível no site para ser respondido. Evidentemente, a escolha da Internet como mídia deve-se, também, ao fato de que uma Enciclopédia como esta nunca estará completa.
Assim, Músicos do Brasil: Uma Enciclopédia terá evolução constante, com a incorporação progressiva de novos verbetes, ensaios, exemplos musicais e fotografias, na medida em que sejam disponibilizados e que a legislação de direitos autorais permita.
Dentre os quase 500 questionários já respondidos, algumas curiosidades: Wagner Tiso foi dos primeiros a responder o questionário e a ter seu verbete editado; Francis Hime respondeu ao questionário à mão; músicos que moram fora do Brasil também responderam, como Romero Lubambo, Cesar Camargo Mariano, Duduka da Fonseca, Nilson Matta, Rodrigo Botter Maio, Márcio Tubino, Carlos Bernardo e Airto Moreira, entre outros.
A Enciclopédia tem músicos de todo o país além de vários instrumentistas que fizeram carreira por aqui como o professor alemão Hans-Joachim Koellreutter, o baterista Cláudio Slon, nascido na Argentina, o contrabaixista norte-americano Bruce Henri, o saxofonista francês Idriss Boudrioua e o maestro italiano Enrico Simonetti.
Entre os autores dos ensaios estão Teco Cardoso (O saxofone), Maurício Carrilho (O violão de 7 cordas), Benjamin Taubkin (Piano brasileiro), Mônica Salmaso (O canto dentro da música), Henrique Cazes (O cavaquinho), Toninho Carrasqueira (Flauta brasileira), Ivan Villela (A viola), Djalma Correa (A percussão no Brasil) e o jornalista José Domingos Raffaelli (A história do samba jazz).
quarta-feira, 4 de março de 2009
Goodbye, Virgin Megastore!
Imagem encontrada e copiada do blog "I'm Learning To Share"
(http://learning2share.blogspot.com/), postada lá em 15/fevereiro/2008.
Em maio de 1996, fui conhecer a Virgin Megastore de Time Square...
Inesquecível... ao passar pela seção de CDs de música brasileira,
a voz de Gal Costa marcava o som ambiente...
Crise no mercado de música
Megastores da Virgin nos EUA fecharão as portas até o fim do verão americano
RIO - Após quase duas décadas atuando como uma referência do mercado de música no mundo inteiro, a Virgin — empresa britânica do segmento de vídeos, CDs e artigos ligados à indústria de fonográfica e de entretenimento — vai fechar todas as grandes lojas nos Estados Unidos até o fim do verão.
O motivo é a valor dos pontos onde estão instaladas as lojas, que podem render mais alugados do que com as vendas das lojas. Com isso, mil funcionários perderão o emprego.
As lojas mais modernas foram investimentos do bilionário e fundador da rede, Sir Richard Branson, e permanecem rentáveis, mas as imobiliárias responsáveis pela cadeia nos Estados Unidos disseram que poderiam aumentar a renda com novos inquilinos.
— Eu vinha protelando a decisão, com a idéia que esta seria mais uma vítima da indústria da música disse Simon Wright — o executivo principal da Virgin Entertainment Group Inc.
A economia desaquecida com a crise financeira internacional foi o golpe final para a decisão do fechamento das lojas. Para tentar competir com as músicas baixadas pela internet, principal causa das perdas financeiras, a Virgin já vinha diversificando o ramo de atuação dos negócios.
Nos últimos anos, suas lojas passaram a vender livros, roupas e também produtos eletrônicos. As lojas restantes geraram US$ 170 milhões de receita em um ano, bem abaixo dos US$ 230 milhões no apogeu do negócio, em 2002.
Time Square ficará sem a Virgin
A falta de planos de expansão e a crise internacional agravada em setembro de 2008 levaram à decisão de fechar a loja localizada na Times Square, no coração da cidade de Nova York. A filial tinha apresentado o melhor resultado, de US$ 56 milhões, no ano passado.
— Nossas seis melhores lojas são também os nossos seis melhores lojas do ponto de vista imobiliário - ratificou Wright.
A emblemática loja de 52 mil metros quadrados na Time Square, que virou um dos pontos de referência da cidade de Nova York, será fechada em abril. Em seguida, cerram-se as portas de outra loja na cidade.
O mesmo destino terão as filiais de Los Angeles, São Francisco, Orlando, Flórida, e Denver, todas em junho. Cerca de 1.000 funcionários das lojas e mais 60 no nível corporativo serão demitidos.
A primeira loja da Virgin nos Estados Unidos foi aberta em dezembro de 1992, em Sunset Boulevard, a avenida mais famosa da não menos importante cidade de Hollywood. Mas no início do ano passado foi fechada, quando expirou sua locação.
Mercado de músicas online foi a derrocada
Em sete dos últimos oito anos as vendas de música declinaram, em grande parte devido à partilha ilegal de arquivos através da internet. A tendência atual de comprar canções individuais, em vez de álbuns completos, através da Apple Inc, iTunes e outras lojas virtuais também contribuiu para a derrocada.
A Virgin também ficou conhecida pelas performances do seu proprietário nas inaugurações, que tornaram famoso em tinha lojas abertas muitas vezes com o tipo de acrobacias que ajudaram a tornar famoso Ricrad Branson. Em uma das lojas Branson foi vestido como o vocalista da banda Gun's and Rose, Axl Rose em uma loja de Hollywood, em 2005.
As lojas também serviam como uma maneira de lançar novos artistas ou promover ainda mais artistas já estabelecidos.
Mariah Carey andou no tapete vermelho da loja em Hollywood para a nova versão, em 2005 do álbum "The Emancipation of Mimi" e cantores como Avril Lavigne, Clay Aiken, Faith Hill e lançaram álbuns com noites de autógrafos, com maciça presença de fãs, que muitas vezes ultrapassavam o horário de funcionamento das lojas e seguiam por noite adentro.
— As pessoas podem ir na internet baixar as músicas online, mas nunca conseguirão substituir nossos eventos de divulgação de astros da música. A Times Square era particularmente famosa por causa disso — completou o executivo da Virgin nos EUA.