segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

"Estilista musical": a trilha sonora sob encomenda

Texto publicado na "Folha de S.Paulo" de 15/dezembro/2008, Caderno "The New York Times"


Como achar a música que mais combina com o sofá
por Kate Murphy, "The New York Times"


O som do seu iPod destoa do ambiente? Chame o estilista musical


Imagine entrar em um gracioso apartamento de Manhattan decorado com antigüidades do século 18, espelhos com molduras douradas e estofados floridos. Agora imagine o Metallica saindo das caixas de som.

Tanto quanto a luz, os tecidos ou as obras de arte, o som é capaz de alterar o espaço, mas até recentemente as pessoas confiavam só no seu próprio gosto para esse quesito. Agora, porém, cada vez mais gente contrata estilistas musicais para escolher a música para suas casas, do mesmo modo que contrataria um decorador para indicar móveis.

Embora há décadas se utilize a música ambiente para criar "arquiteturas sonoras" em espaços comerciais, só nos últimos cinco anos alguns consultores, especialmente em Nova York e Londres, começaram a se especializar na criação de trilhas que combinem com a decoração dos seus clientes.

"Ouvir a música errada no espaço errado pode ser muito desorientador", disse Coleman Feltes, conhecido como DJ por criar trilhas para desfiles de Versace, Gucci e Dolce & Gabbana. Desde 2006, ele presta serviços musicais individualizados em seu escritório de Nova York.

Feltes e outros estilistas musicais costumam visitar a casa do cliente e olhar suas fotos para avaliar o estilo de decoração e entender os layouts. Podem também mergulhar nas coleções de música da pessoa para conhecer os gêneros e artistas que mais lhe agradaram no passado.

"Às vezes é um troço realmente horrível", disse o estilista Angus Gibson, citando como exemplo as trilhas na linha "amor e luar" dos filmes de Meg Ryan. A sua Gibson Music, de Londres, fornece aparelhos de som sob medida, com as respectivas músicas, para clientes da Europa, da Ásia e dos EUA.
Os estilistas alertam que, mesmo que os clientes gostem de uma música que não é insípida, ela pode ser totalmente errada para um determinado espaço. "Você não vai colocar Johnny Cash para tocar num fantástico refúgio das Antilhas", disse Gibson. "Simplesmente não iria funcionar."

Os estilistas habitualmente cobram de US$ 50 a US$ 250 por hora de música, que costuma ser baixada em iPods, mas também pode ser gravada em CDs.

O incorporador e investidor imobiliário Joe Wagner, 50, contratou Feltes no ano passado para musicar duas casas suas com estilos diferentes - um rústico recanto com paredes de pedra e vigas de madeira em Aspen, no Colorado, e um casarão colonial branco em Palm Beach, na Flórida.

Feltes compilou cerca de 48 horas de música, divididas em listas específicas não só para cada residência, mas também de acordo com atividades e horas do dia. Assim, por exemplo, uma tarde na piscina em Palm Beach pede jazz latino, enquanto a apreciação matinal dos montes nevados em Aspen vai bem com ópera.

"Quando alguém entra e ouve uma música ótima, é como olhar uma pintura maravilhosa na parede, que lhe traz certas emoções", disse Wagner, que atualiza suas listas musicais trimestralmente. "Adoro não ter de pensar no que vou colocar. Já fizeram isso por mim."

Um comentário:

Boite Abandonada disse...

Finalmente, só agora entenderam que a musica é capaz de nos transportar mentalmente para o céu ou para o inferno!
E pelo andar da carruagem estamos indo na direção do...!!!!